terça-feira, 1 de abril de 2008

Sugestão de Leitura


O Senhor Ibrahim e as Flores do Corão,de Eric Emmanuel Schmitt


Quem não ouviu já o provérbio “Quem vê caras não vê corações”?
Tal princípio podemos aplicar quando pegamos num livro que não é conhecido como um “best-seller”, ou que alguém nos diz que gostou, e não nos parece despertar qualquer interesse!
Vou falar sobre um dos últimos livros que li, e me surpreendeu logo que folheei algumas das suas páginas, O Senhor Ibrahim e as Flores do Corão, que conta a história de Moisés, mais conhecido por “Momo”, um menino judeu de 12 anos, que viveu em Paris, nos anos 60.
Momo partilha connosco a história da sua infância, fruto de uma educação muito rígida de seu pai, um advogado judeu, desprovido de amor, que não tinha amigos e que via as pessoas com desconfiança e desprezo, que tinha no filho o seu escravo e que o estava sempre confrontando com a perfeição de seu irmão mais velho (inexistente, mas fruto da imaginação de seu pai).
Um dia começa uma grande amizade com o Senhor Ibrahim, o merceeiro da rua, que apelidado de árabe, era apenas muçulmano, um homem reservado, que vivia também na solidão da sua viuvez, e fez com que Momo visse nele a figura de um pai que lhe ensina como é o amor, o sorriso, a beleza do Mundo e da Vida.
Abandonado por duas vezes: quando nascera, pela mãe; e ao chegar à adolescência, pelo pai, que depois se suicidou, e lhe assombrava a vida; foi o Senhor Ibrahim que lhe contou que seu pai perdeu os pais quando era muito novo, que foram apanhados pelos nazis e morreram nos campos, e que talvez por isso nunca tenha conseguido ser feliz.
Momo foi ter com o Senhor Ibrahim e disse-lhe a brincar:
“Então, quando é que me adopta?”
E este respondeu, divertido.
“Mas meu pequeno Momo, já amanhã, se quiseres!”
E foi então o culminar de uma grande amizade (de pai e filho), com uma delicadeza e uma subtileza emocionantes, que acaba com uma história doce até a morte os separar, e ao mesmo tempo fazer de Momo um homem corajoso, que mostra que a amizade e o afecto não têm religião, raça ou continente.

(Vicência Boto – 12º ano)