sexta-feira, 4 de abril de 2008
Poema
O 9º A inspirou-se em “Nocturno”, de David Mourão-Ferreira, para produzir em conjunto este poema que ofereceu à BE, durante a Semana da Leitura.
Variações sobre um “Nocturno”
Era, nos meus olhos, o espelho dos teus.
Era, na solidão, o meu coração a abrir-se.
Era, na escuridão, a sombra das lágrimas perdidas.
Era, na noite escura, a censura.
Era a noite mais quente deste Verão.
Era a certeza de ficar sem ti.
Era, no fundo de uma rua, que soavam os passos.
Eram, num rio estreito, barulhos barulhentos.
Era, no estádio, barulhos de emoção.
Era, na noite assombrada, que eu ouvia o teu coração.
Era a noite mais quente deste Verão.
Era a certeza de ficar sem ti.
Eram, naquela calçada escura, os passos audíveis.
Eram, na virtude do pensamento, mil ideias que surgiam.
Era, numa noite linda, uma lua a brilhar.
Era, nos teus olhos, o reflexo da solidão.
Era a noite mais quente deste Verão.
Era a certeza de ficar sem ti.
Era, nas minhas lágrimas secas, a profunda dor de não te ter.
Era ver, sem ter olhos.
Era, no fim, mais uma vida acabada.
Era, pelo mundo, apenas mais uma passagem.
Era a noite mais quente deste Verão.
Era a certeza de ficar sem ti.
Era, no oceano profundo, o grito de fundo.
Eram, em sonhos profundos em vão, palavras escurecidas no meu coração.
Era, na erva pura, uma vaca a comer, o sol a nascer.
Era, na aldeia escura, o som da água a correr.
Era a noite mais quente deste Verão.
Era a certeza de ficar sem ti.
Era, no céu brilhante, um planeta vazio.
Era, no brilho dos teus olhos, o teu sorriso contente.
Era, nessa noite de Verão, sentir o meu coração.
Era, no planeta escuro, que não se via o futuro.
Era a noite mais quente deste Verão.
Era a certeza de ficar sem ti.